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  Thiago de Melo Barbosa 
Liberdade Naufragável (2008)

        Colocarei aqui alguns poemas deste livro que escrevi para - não só, mas principalmente - o concurso de poesia da Academia Paraense de Letras (ganhei apenas menção honrosa, antes que perguntem). Caso queiram conhecer o livro todo, basta fazer o download no seguinte link: https://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/2143544. Segue os poemas:

 

Página em Branco

 

Agora que ela é página em branco

Virgula-se os sentidos

                        Em ti

                           Dos

Rotos beijos

 

Sem nenhuma justificativa

Faz-se a antiga escolha errada

 

Roda radar

És 

Livre

Encontras-te a liberdade dos artistas

(presos na loucura de sondar-sonhar)

 

És tão jovem

Poesia cósmica que beija minha face

Co-aberta

Por pó de arroz

E fumaça

               Havana

 

Don’t Let Me Down

 

“Don’t let me down”

É o tempo

             _ Após tragar o cigarro_

no qual a fumaça se dissolve

derrete no ar

uni-se a todos na sala

 

“don’t let me down”

É um momento

_ Entre o respirar e o existir_

quando já finos são os cobertores da face

e o Você e o Eles estão nus

ainda assim há anos luz

 

Um                                                 &                                                Outros

 

“Don’t let me down”

É o abraçar

Do friumido acolhedor

_No fim de um dia chuvoso_

despertado no mês de dezembro

raro efeito ar musical

 

“don’t let me down”

É o frêmito

_Quase rasgante_

 na pequena fenda

o espaço certo

entre a dor e o prazer

 

Circulam os Artistas-de-Rua

 

Circulam, circulam...

 

             Azul

Verde              Prata

            Branca

 

Esferas mágicas

presas ao fio da ilusão artística

do artista que cospe fogo

queimando, talvez um pouco,

as ruas frias

e sempre apressadas.

 

Maluquices     Malabares

 

Laminas afiadas e voadoras

amparadas com afagos labiais

não se preocupam em ferir:

estão na espira incerta

        de existir

e serem

         cristais.

 

Fala rua

“Lamina Afiada, seu fio não é suficiente

  para cortar a tensão”

Pois nada desfaz

do rodopio louco

dos que andam em vias nuas

 

Jaz circense, jaz!

E jamais mate o circo que tem nas mãos.      

Mirante I

 

No alto

Pela janela

Via tudo fluindo

 

Visto a vida dividida pelo vidro,

com sua mancha envidraçada

(pena não ser Manchega).

Turvistava o mundo,

o passilento das horas corridas,

a poeira que subia

              que descia

              que bailava no ar.

 

Era um rei contemplando seus (in)domí(naveis)nios.

Do altar do seu apartamento

Tudo lhe pertencia:

O nascer               do sol;

                e o pôr

O barulho                     da avenida;

                e o silêncio

O falar                    das pessoas;

                e o calar                             

... tudo imagensonarte...

 

_Ardias_

Ardente frêmito da cidade.

Ainda que nas tácitas madrugadas,

esculpidas em colóquios de poetas bêbados,

arde o que falta no dia:

lume filho de eletricidade,

concreto vento parado,

silêncio palpável.

 

_Passenflor_

Já não estranha o quanto ela passou,

sem que um herói chegasse ou saísse do horizonte.

Imersa num copo d’água,

batem bolhas de ar no vidro.

Copo-vaso

                 Flor, que apenas florimenta.

 

Sentinela,

Vê por janela manchada _jamais la Mancha_

toda luz refratada até seus olhos;

acompanha cada fóton,

não os deixa se perderem.

Suas leis são imutáveis:

Ela  /vidro/  Ele

Ele às vezes vidro.

Ela

Sempre pós-vidro.

 

 

 

Está Dito

 

Crisálida flor de porcelana

com sabor libertável de infância

e escumas marítimas em terra:

soterra-me em ânsia.

 

Outro ocaso com sombras dilatadas,

suspensas.

Alegres desenhos vivos,

enigmas.

 

Sopras a brisa “meu amor” nos meus ouvidos,

simples como tinta branca na parede.

Sua voz é cor,

        luz que eu prismo.

 

(                      )

 

Está dito.

Ainda que em invólucro azular

e reflexos refratados

do brilho lunar.

 

            Fica o segundo calado e seletivo

            como o tempo para...

                                         Acreditar.

 

 

 

Tragédia do Amor

 

Tragicamente,

         O amor não sobrevive à vida.

Não sobreavise

                                               Viva.

 

Perdendo o ar, respirando a cegueira.

Desligando os relógios...

Afogando-se

 len              ta             men              te

 

Horizonte azul

Navio negro

Pular no mar?

Afogar-se em terra firme?

 

O amor exige um suicídio

 

da vida

em si

nada...

 

 

 

Beira-Mar

                                                                                    A Layanne Marques

 

Pisa                            Pisa                                Pisa                        Pisa                       

             Apaga                             Apaga                       Apaga                   Apaga

 

Meus passos são a areia

E o seu sorriso é o mar

É o rio

         É o rio-mar

         É o mar-rio

 

Dilui-se toda a diferença

No seu sorriso há muito do meu

 

Entre nós

                 (O doce e o salgado

beijam-se no calor,

rolam com as ondas,

unidos,

mergulham na areia)

                                   Nós entre

Mar e rio

                Vestimo-nos um com o outro,

Sumimos,

E logo somos: marrio.

 

 

olhO-espelho-Olho

 

            Dentro do espelho

              Um olho

    Dentro do olho

              Um espelho

 

Fora do mundo     Vagueio

 

Dentro do olho

              Um mundo

          Dentro do espelho

              Um passeio

 

Espelho olho

              olho Espelho

 

Meu olho?

                   Estelho

 

 

 

Teoria do Fogo

a Prometeu

 

 

Fervilha feroz o lúmen

Engendra

Assaz o lume

 

                     Fire fere

                                   dissolve os cristalinos

 

Nos olhos virgens,

Pimenta mexicana

                   andina

                   baiana

 

Lampejante

Liberdade dos raios solares em rodar o universo

(vermelhando o mundo)

 

   Vermelho é a cor do impulso da intensidade

(coragem)

                              Ver melhor quando verve

                                                               Vive

 

Correndo por longa estrada

                                Ferve os pés

                                     Derrete a neve

                                           Queima a madrugada

 

C(h)ama:

Nos abrasamos.

Esfrega-se o graveto

Surge a centelha

                                  [todos nascemos de uma bela queimada]

 

No fim:

              s

        s       a   s         s

s        a       z      s         a

   a   z       n    a     s    z

  n     z   i     z    a    n

i           n    z       i

c     i