Criar um Site Grátis Fantástico

Aos poucos colocarei mais textos. Aguardem as atualizações.Se achar que vais esquecer o endereço, é fácil, basta adicionar em favoritos (Alt+F). Obrigado pela visita.

 


Total de visitas: 12490


  Thiago de Melo Barbosa 
Avulsos

Madeleine

 

Chuva

Retorna a chuva

A chuvinha do fim de tarde

 

                                         (minha madeleine)

 

                rápida-recordação!

 

Em ondas por toda a casa

o olor do café

a xícara

                             gotas e garotas

                             se divertem lá fora

                                                     a bola rola molhada

quente

fumegante

                          há um macio

                          aquele leve frio

                          uma ponte

                                  linkando: Castanhal-Belém e todos os anos

 

(minha doce madeleine) 

 

É fim de setembro

início de outubro

talvez

 

a mão dúbia balançando

(chega coa chuva

  chuvinha fininha

  numa tarde feminina)   

a xícara de café

o cafezinho

du fim da tarde

                                   só agradeço

                                   e bebo

 

 

 

Laia Ladaia

você me ama? (you don’t know me

bet), tu me ama mesmo?

dentro de mim ainda (you’ll never

get to know me) há parte de você

de mim em ti e de ti no chão (you don’t

know me at all) e até agora tremo

neste quarto só há nós (fell so

lonely) dos outros que já foram

nós estamos aqui (the world is)

e as janelas (spinning round slowly)

do edifício da frente (there’s nothing

you can show me) nos veem e nos

mostram: me excitam! (from behind

the wall) também. te quero agora

(show me from behind the wall)

retesado: retesão: fodo-a: forço-a

(show me from behind the wall)

as pedras: o teu pênis: o meu... I

(show me from behind the wall)

 

— as.iss.agora.gozar no escuro. escuro?

— e o que mais, meu amor?oq mais esperar?

—ah.nada.cam’on. infecta-me com as...

—e o que mais esperas, meu amor?meu amor?

I. I. cale-se! calo I me. calo I I call I aahh...

 

Betty, eu (nasci lá na Bahia

de mucama) nada. não pre

(com feitor)cisa dizer nada

eu apenas queria (o meu pai)

é, eu também (dormia em cama)

queria (minha mãe) verdade?

(no pisador) sim, talvez...

 

(laia ladaia sabadana Ave Maria,

 laia ladaia sabadana Ave Maria,

la laia ladai sabadana Ave Maria)

 

obrigado. acho que te...mo. sim

(eu agradeço) acho que t’amo

(ao povo brasileiro) foi bom

sim. de novo (norte, centro, sul

inteiro) mas então... o quê?

(e onde reinou o baião) tãm!  

 

 

Breve Desfile

 

Com toda élégance que merece a mulher

encantadora de longos vestidos              [14 de Março]

                        do vento e do friso

                                     namorados

— beijam-se colegiais

     é sempre uma fuga

     das urinadas calçadas de São Braz—

 

[Generalíssimo Deodoro]

                         Esmaga a saliva das ruas decidida

                         e tudo é flor do seu perfume Boticário

                         suicida de suas curvas moderníssimas:

                                      uma cintura Brasília de Andrade.

— GOSTOSA!

— TESÃO!

— ETAH BICHA BOA!

                                         (som ruídos na construção)

Por que não?

                Ó flor de perfume raro e esquisito encanto

                Musa sem-par em graça ou donaire

                Que de tão airosa deixa a primavera em prantos

 

[Quintino Bocaiúva]

Agora é o trabalho

na butique de vestidos very very chics

dos quais o seu é só irmão de criação

 

 

 

Sombras dadas

                      A Layanne Marques

 

Jamais te mandarei restos de flores.

Enquanto o sol cair por detrás das edificações,

Dar-te-ei a sombra daquela rua calada,

Estreita e sincera,

Quase nascida em branco e preto.

 

Resvala a luz...

Deitam-se prédios e arvores,

Esticam-se pelo chão,

Louvam quem passa.

 

Sedo-lhe minhas impressões.

É seu aquilo que não possuo,

Mas que sempre será meu.

Ofereço-lhe apenas o que tenho de melhor:

              as sombras da minha visão calada.

 

Albatroz

 

Ó Albatroz. Eis o Albatroz

De tantos mergulhos e penas deixadas

Na alba glória dos heróis

 

Eis que outrossim. aqui pausa.

No parapeito das musas tortas

Por pesadas

                         Flores

                                  Liras

                                          Cantos

 

Já much e muy e muito

entoados

                    (ao canto fadados)

 

Albatroz

Rasgas agora

                           Tua garra

                           Esta crosta

                           Perfura

 

Cai do céu, do Olimpo

Direto do sonho dos deuses

Para a tumba aberta dos mortais